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De 2015 para 2016 sobre duas rodas

Os prós e contras de um segmento profissional que não para de crescer são contados em histórias, depoimentos e muita sinceridade de quem ganha à vida sob pressão e perigo: os motoboys e as motogirls.

Desejo saúde, paz e felicidades… sempre! Deus abençoe mais um ano que está por vir, nos cubra de bênçãos e muitas vitórias, nos livrando sempre de todo mau. Boas festas! Ana Paula Coutinho

Apesar das dificuldades muitas vezes colocadas pelas empresas de motofrete e tomadores de serviço, Ana Paula Coutinho, 29, trabalha registrada e diz que nunca sofreu discriminação, pelo contrário, ser mulher ajudou no reconhecimento do serviço prestado. “A empresa que presto contrato sempre me valorizou e me pagou bem porque confia no meu profissionalismo”, diz.

Gostaria de chamar a atenção para a vida, que é o bem mais precioso que temos. Ela é seu maior presente dado uma única vez. Cuide bem dela e tenha fé em Deus. Cristiane Cardoso Furtado

Já Cristiane Cardoso Furtado, 45, sendo destes 22 anos como motogirl, não tem queixas diferentes dos outros colegas de profissão, já se sentiu discriminada, mas, não trocaria de profissão por isso. “É preciso um olhar diferente, não discriminatório, mas de inclusão, de responsabilidade com o setor”, salienta.

Porém, responsabilidades a parte, a profissão apesar de ter um salário maior do que mais de 100 categorias no estado de São Paulo, tem custo elevado que, por hora diminuiu devido ao pagamento da periculosidade, que foi lei federal sancionada pela presidenta Dilma Roussef, repassando ao salário 30% de acréscimo sobre o registro.

Deixo abraços para os motoboys guerreiros que enfrentam sol e chuva. Agradeço também a Deus pelas oportunidades, inclusive, voltar para casa e cuidar da família. Isnar Alexandrino Filho

 

“É o mínimo que poderiam ter feito por nós, já que esse valor pode cobrir a gasolina ou liberar uma quantia equivalente a uma prestação de moto”, diz Isnar Alexandrino Filho, 33 que elogia a atuação do sindicato de motoboys de São Paulo que lutou pelo adicional de periculosidade.

 

Mais um ano se passou com muitas lutas e conquistas. Bom foi chegar até aqui, melhor ainda se continuarmos em frente. Boas festas e feliz 2016 aos motoboys do Brasil. Luiz Stefano

Para confirmar a praticidade do pagamento, o motoboy Luiz Stefano, 38, é um dos profissionais que paga as prestações da moto nova que comprou com isso. “A periculosidade antecipou a compra da minha moto, em meus planos, teria que esperar mais”, revela.

Galera… andem com cuidado e muita atenção. Sejam conscientes e lembrem que tem um ano inteiro chegando para ganhar dinheiro. Tchau 2015, venha 2016. Felicidades. Alexandre Almeida Pires

Discordante, porém, está Alexandre Almeida Pires, 32, alegando que a periculosidade o atrapalhou, já que a empresa não paga e afirma, ainda, ser responsabilidade do tomador de serviço o pagamento, que também não quer pagar. Assim fica no fogo cruzado e sem receber o benefício. “Esse adicional para mim não foi bom porque minha empresa passou para os clientes a responsabilidade e com isso não estão querendo contratar nossos serviços, estão querendo sim é cortar gastos, então não foi bom”, desabafa.

 

Meus colegas de profissão, mais cuidado no trânsito, ajam com mais harmonia e paz. Evitem discussões que só fazem perder e que Deus proteja suas famílias. Marcos Ferreira Magalhães.

Quando questionado sobre 2015, Marcos Ferreira Magalhães, 33, diz que o que não ajudou foi a implantação da ciclofaixa e a retirada da motofaixa e bolsões de estacionamento para motos. “Isso prejudicou nosso trabalho como, por exemplo, deslocamento na região da Vergueiro, ali não existe corredores para ônibus e assim, andamos muito juntos aos coletivos. Essa troca para mim foi dinheiro jogado fora porque quase ninguém usa essas vias para bicicletas, sem falar nos bolsões que tiraram”.

A luta continua em 2016, vamos trabalhar e exigir que os governantes nos ajudem com leis que nos beneficiam. Ainda desejo que o ano que vem melhore muita coisa. Eduardo Ramos

Eduardo Ramos, 37, também concorda e diz que a atitude do prefeito Haddad tirou algo que era dos profissionais e não profissionais que andam de moto, sendo pior: não deu nada que compensasse a retirada. “O mínimo seria fazer um rodizio na ciclofaixa durante o dia deixando para o motociclista e a noite para o ciclista.”

Autônomos também “abrem o bico”

Tempo de esperança, de renovo, de felicidade e paz. Mas veja só: todos esses tempos tem que te acompanhar ano que vem. Sucesso e paz para os motocas brasileiros. Marcelo Oliveira Machado

O Ministério das Cidades afirma ter cerca de 3 milhões de trabalhadores no motofrete e mototaxi em todo País. São Paulo, estado que mais concentra mão de obra, tem quase 300 mil motoboys e pouco mais de 200 mil mototaxistas. E mesmo que o ano ainda não tenha terminado, todos já pensam em 2016, querendo deixar para trás, alegrias, tristezas, conquistas, discriminação e suor, muitas vezes, misturado com o sangue dos acidentes constantes, numa das profissões mais perigosas do mundo, segundo estudo da Organização das Nações Unidas (ONU).

Se o mar não está para peixe, ou seja, bom para registrados em carteira, a situação também não está boa para os autônomos, principalmente com a retirada das motofaixas, como reclama Marcelo Oliveira Machado, 36, com mais de 15 anos nas ruas sobre moto. “Ficou muito ruim para os motoboys as retiradas das motofaixas da Rua Vergueiro e Avenida Sumaré e, com a diminuição da velocidade ainda, ficou mais difícil rodar na cidade”, fala em tom de indignação.

Quero agradecer a todas as famílias que “correm com nós” e desejar um feliz natal e um próspero ano novo. Ah, para minha também. Um beijo a todos e um abraço.Daniel Santos Chagas

Outra questão que não justifica o ano positivo, para o também autônomo Daniel Santos Chagas, 35, é a redução de velocidade para 50 km/h. “Isso não atrapalhou apenas os motociclistas, mas, todo mundo, até porque isso na verdade é uma forma de arrecadação porque qual a diferença de andar de 90 km/h para 50 km/h, sendo que continua acontecendo acidentes?”, questiona.

 

Quero mandar um super abraço para toda rapaziada motociclista, desejar feliz natal, próspero ano novo e muitas aceleradas, com consciência e respeito, em 2016. Leandro Rodrigues de Santana

O simpático motoboy Leandro Rodrigues  de Santana, 36, diz que o momento negativo deste ano foi a tentativa de roubarem sua moto e que, como ponto forte, além das conquistas da categoria foram a belíssima jaqueta que ganhou da Triumph Motos, através dos diretores Marcelo Silva e Davi Borges e ter sido convidado pela revista Motoboy Magazine para participar da reportagem especial de capa. Leandro aproveitou para dizer que é preciso tomar cuidado com as empresas de aplicativos que estão surgindo à margem dos direitos trabalhistas. “O que oferecem parece ser ótimo, porém, o que preocupa é se o profissional do motofrete sofrer algum acidente ou ter sua moto roubada ele não tem um vínculo com o aplicativo, fica a “a ver navios” e sem nenhuma segurança, é preciso abrir o olho”, alerta.

Que venha 2016 com muita paz, saúde, prosperidade para todos nós, que possamos realizar nossos sonhos e os sonhos de nossa família também. Boas festas a todos.Anderson Tavares

Anderson Tavares, 35, diz que todas essas questões acima atrapalham, mas é fácil levar adiante, sobreviver. Para ele, no exercício da profissão, é a falta de valorização que atrapalha. “Em 2016, gostaria que fôssemos reconhecidos como boas pessoas porque ainda somos discriminados nos elevadores, nos semáforos quando fecham os vidros porque somos visto como marginais não como trabalhadores etc. A sociedade precisa entender que sem motoboys, a cidade para”, finaliza.

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